segunda-feira, setembro 26, 2005

O que explica o crescimento da miséria?

Paulo Guedes cita em sua coluna em O Globo de 26 de setembro de 2005, o texto “As grandes ondas de preços e o ritmo da História” (1996), de David Fischer. O texto abaixo entre aspas não é uma citação integral do conteúdo da coluna e sim um apanhado que objetiva alavancar meu comentário a seguir. Sugiro a leitura da coluna na íntegra.

“Em Chartres, 8 de setembro de 1224, Festival de Nascimento da Virgem, subiam os preços de alguns produtos, os comerciantes de moedas cobravam mais pelos seus serviços, e os salários ficavam para trás.”

“Em 1314 e 1315, o continente europeu é fustigado por uma dramática mudança de clima. O mesmo ocorre em 1316. A destruição das colheitas produz a fome. Fome, epidemia, crimes e, finalmente em 1346, a Peste Negra. Nos anos seguintes, a população da Europa se reduz de 30% a 40%.”

“Na idade média, não se podia atribuir ao capitalismo americano as catástrofes naturais ou as desigualdades. Naquela época a concentração de renda já se mostrava uma tendência.”

Creio ser importante uma reflexão mais profunda dos atuais fenômenos econômicos, fugindo-se da simplificação de que há uma luta entre o bem e o mal. Tal exercício se torna crucial para que saiamos da armadilha em que caímos ao querer buscar um culpado para os problemas que nos aflige, em lugar de entender que há um sistema integrado e extremamente complexo de produção, comercialização, distribuição e consumo de bens e serviços, que distribui desigualmente seus resultados na medida em que existam desequilíbrios nas relações entre as variáveis que compõem o sistema. Uma das questões mais significativas, é o descompasso entre a quantidade de pessoas dispostas e qualificadas à produzir bens e serviços em larga escala, e a crescente pressão por moradia, alimentos, vestuário, transporte, sistemas de saúde e educação, provocada pelas altas taxas de crescimento populacional, principalmente nas camadas mais carentes. A mudança que proponho, visa principalmente evitar a sempre presente busca do "SALVADOR DA PÁTRIA", o que só tem beneficiado os políticos que se valem dessa mística para alcançar os cargos públicos e tratar unicamente dos seus interesses pessoais.