domingo, novembro 26, 2006

O INFERNO DE VERISSIMO

Reproduzo ao artigo do Constantino que faz um comentário pertinente sobre a retórica da esquerda. Acho que vale o debate entre os dois pontos de vista e sem dúvida nenhuma a esquerda deve a todos a descrição de um modêlo econômico que contemple a rica e maravilhosa diversidade que faz parte do comportamento humano. O que foi tentado até hoje só trouxe pobreza e perda da liberdade.

Por Rodrigo Constantino - 25.11, 15h29

Que o Verissimo, eterno defensor do fracasso, só escreve besteira quando tenta falar de política e economia, todos já sabem – ou deveriam saber. Sei de muitos que simplesmente ignoram a coluna do escritor, que deveria focar nas comédias do cotidiano. Mas eu não. Talvez por masoquismo, não sei ao certo, dou-me ao trabalho de ler as porcarias que ele escreve. Preciso sempre de um Engov, é verdade. Mas na sua última coluna, Céu ou Inferno, onde o gaúcho faz um julgamento sobre o possível destino da “alma” de Milton Friedman, não teve remédio que segurou o forte enjôo. Fosse apenas muita ignorância, vai lá! Mas Verissimo não é do tipo ignorante. Logo, fica restando apenas uma alternativa: a perfídia. A ideologia faz canalhas, quando sua defesa passa a ser mais importante que a verdade dos fatos.

Verissimo questiona no artigo se a contribuição do Nobel de economia da Escola de Chicago fez um mundo melhor ou pior, reconhecendo que impacto teve. Ele começa a destilar seu veneno quando chama o comunismo soviético de “capitalismo de estado”, comparado ao “capitalismo de consumo” que teria vencido a Guerra Fria. Ora, vamos chamar boi de boi, não de jacaré. Os que repetem que o comunismo nunca existiu ignoram que ele jamais existirá, pois não passa de uma utopia idiota, impossível na prática – ainda bem, já que homens não são formigas. Mas é a tentativa de chegar lá, os meios usados para tal fim, que levam inexoravelmente ao terror, escravidão, miséria e genocídio. Por isso, inclusive, que socialistas detestam debater meios, tentando monopolizar os nobres fins. Tentar associar o comunismo soviético a algo perto de capitalismo é, portanto, falta de caráter ou de inteligência.

O artigo segue afirmando que Thatcher, com a frase “não há alternativa”, inaugurou “a fé fundamentalista da qual Friedman é o Deus, e a Universidade de Chicago é o templo maior, que ainda domina o pensamento econômico do mundo”. Será que Verissimo não sabe que o Liberalismo não guarda similaridade alguma com uma religião fundamentalista, pois está calcado na lógica econômica, no conhecimento da natureza humana, na vasta experiência empírica? Crentes fanáticos são justamente os socialistas, que fogem de um debate focado apenas em argumentos lógicos, apelando constantemente para a retórica, inúmeras falácias conhecidas, sensacionalismo barato e emoções instintivas. Mas isso não impede que Verissimo minta na maior cara-de-pau, afirmando que a crença nos dogmas liberais independe de verificação e sobrevive a todos os desmentidos. Qual verificação? Quais desmentidos? Os países mais prósperos do mundo são os que mais se aproximaram do ideal liberal, enquanto os mais miseráveis são justamente os socialistas. Isso sem falar da questão da liberdade individual, inexistente nos países socialistas.

Mas eis onde Verissimo “pensa” ter achado a prova para refutar o Liberalismo: “A América Latina, submetida há anos à ortodoxia monetarista do Consenso de Washington sem proveito, é um desmentido continental da infalibilidade de Friedman”. Nada como o uso do chavão mais patético de todos, a culpa no bode expiatório predileto da esquerda, o tal Consenso de Washington. Suas recomendações são bem óbvias, respaldadas pelo bom senso de qualquer um que saiba que gastar mais do que tem gera problemas. Mas socialistas querem desafiar até a lei da gravidade! Será que Verissimo arriscaria se jogar do alto de um prédio confiando na heterodoxa “lei” que faria ele subir, em vez de cair? Acho que não. Mas quando o assunto é a vida dos outros, suas economias, Verissimo prefere ignorar a lógica e pregar a magia. Na verdade, as idéias liberais de Friedman nunca foram adotadas pela região, com a exceção do Chile, não por acaso o país com maior estabilidade tanto política como econômica da vizinhança. Mas Verissimo jamais irá entrar nos detalhes do assunto. Isso não é interessante para ele.

Usar a América Latina como ícone do Liberalismo para desqualificá-lo beira a insanidade. O Liberalismo jamais deu o ar de sua graça por essas terras. No Brasil, por exemplo, a carga tributária está em 40% do PIB, o Estado intervém nos mínimos detalhes econômicos, a burocracia é asfixiante, falta império da lei, enfim, não há praticamente nada aqui que se assemelhe ao Liberalismo. Tanto que estamos na rabeira do ranking de liberdade econômica tanto do Heritage como do Fraser Institute. A região passou mais longe do Liberalismo pregado por Friedman que Plutão da Terra! Mas nada disso importa para Verissimo, que diz que “razões para mandar a alma do Friedman para a grelha não faltam”. Para Verissimo, o Estado “desenvolvimentista”, cheio de estatais, é a “única esperança de os países miseráveis saírem da miséria”. Com certeza ele ignora os casos de reformas liberais, na contramão dessa estupidez, adotadas por países como o Chile, Irlanda, Nova Zelândia, Espanha, Islândia, Austrália etc. Ou os próprios casos dos Estados Unidos de Reagan e da Inglaterra de Thatcher, ambos salvos pelas medidas defendidas por Friedman. Em contrapartida, seria o caso de perguntar qual país deu certo com essa receita “desenvolvimentista”. Não haverá resposta. Isso porque Verissimo diz que é o Liberalismo que não suporta a verificação! É muita inversão mesmo...

Por fim, Verissimo conclui que, ao menos, Milton Friedman foi um pensador original, e isso – somente isso e seu prêmio Nobel – faria um contrapeso ao claro viés de mandá-lo para o inferno. Entre o Céu e o Inferno, portanto, Verissimo ficaria, quem sabe, com o Purgatório. Considerando que há um abismo moral intransponível entre ambos, para não falar da inteligência, creio que as pessoas que respeitam a integridade e a lógica não deveriam ficar espantadas. Afinal, vindo de quem vem, tais agressões são elogios. O céu do Verissimo deve ser algo como Zimbábue, ou Cuba. Melhor ir para o que ele considera um inferno mesmo. Poderemos acabar num lugar livre e próspero.

quarta-feira, novembro 22, 2006

SOB O SIGNO DO CAOS

Por Maria Barbosa, socióloga

Extraido do blog Diego Casagrande

Se o primeiro mandato do PT foi medíocre em crescimento, marcado por uma profusão de escândalos de corrupção, escudado em propaganda enganosa que deturpou dados e iludiu eleitores, o segundo já começa sob o signo do caos.

A situação caótica é mostrada de forma mais evidente através do apagão aéreo. Esse transtorno que inferniza a vida de milhões de brasileiros que utilizam vôos domésticos e internacionais, teve origem na queda do Boeing da Gol, tragédia na qual 154 pessoas morreram.

Sobre o infausto acontecimento, até agora não esclarecido, a primeira versão ventilada pelo ministro da Defesa, Waldir Pires, era a de que a culpa do acidente pertencia aos pilotos norte-americanos do jato Legacy que bateu no Boeing.

Os pilotos continuam com seus passaportes presos e impossibilitados de saírem do Brasil, e esse tratamento dado a criminosos deve fazer os compatriotas nacionalistas se rejubilam. Eles acreditam piamente que os culpados foram aqueles americanos maus e terroristas, que por um ataque de ruindade resolveram aniquilar a vida de 154 brasileiros inocentes. Um julgamento que, na verdade, se repete em tudo de ruim que nos acontece, porque é sempre mais fácil atribuir culpas do que nos responsabilizarmos por nossos próprios erros e mazelas.

Acrescente-se o antiamericanismo que foi exacerbado no governo petista, fiel cultor de Fidel Castro e de seu herdeiro Hugo Chávez, e não fica difícil concluir que o julgamento antecipado do ministro da Defesa fez sucesso. Estimulados por tais coisas, os advogados das vítimas do Boeing já entraram com pedido de indenização nos Estados Unidos. Entretanto, o acidente ainda está longe de uma real elucidação, conforme aponta um relatório preliminar:

“O Legacy falou uma vez com o controle de vôo em Brasília às 15h51 e, apesar de sua identificação ter sumido do radar às 16h02, só começou a ser contado por rádio pela torre às 16h26, quase meia hora antes do acidente. Não se sabe porque a torre demorou tanto para tentar contato. Das 28 tentativas, só uma teve sucesso parcial. O Legacy voava a 37 mil pés, altitude igual a do Boeing. Devia ter passado a 36 mil pés em Brasília e depois para 38 mil pés. O relatório não esclarece porque Brasília não avisou o controle em Manaus para que alertasse o Boeing” (Folha de S. Paulo, 17/11/06).

Mais estranhezas, contudo, permeiam o apagão aéreo indicando que o caos pode ser mais profundo. Vejamos resumidamente quais são elas:

1ª) O ministro da Defesa solapou a autoridade da Aeronáutica ao tratar com os operadores de vôo, a maioria militar, sem a presença do comandante da Aeronáutica e de oficiais.

2ª) O ministro pareceu querer sindicalizar a questão, sendo que as FFAA não podem ser sindicalizadas, pois isso desvirtuaria suas funções constitucionais.

3ª) O ministro da Defesa parece não querer entender que “operação-padrão” significa greve, ou seja, grave insubordinação relacionada á hierarquia militar. Imagine-se, só para ilustrar, que numa hipotética guerra o general desse a ordem para as tropas avançarem e os soldados dissessem: “não vamos, estamos em greve”.

4ª) As FFAA, cujas condições salariais e materiais são cada vez mais precárias, têm com o apagão aéreo sua ruptura acelerada e sua ideologização acentuada. Será fácil, daqui a pouco, os militares brasileiros baterem continência para Hugo Chávez na zona militarizada que este vai criar na América Latina com o apoio dos países amigos.

Enquanto isso o presidente reeleito se diverte com a angústia dos ministros que querem ficar e com a ambição dos que querem entrar. Não lhe importa se a demora de sua decisão possa ocasionar o caos administrativo num país que já não prima por competência em gestão pública. Tão pouco importa ao reeleito se o MST acelera com ímpeto as invasões de terras, contidas durante a campanha para preservá-lo. O caos no campo, com conseqüências nefastas para o agronegócio já abalado pela incompetência governamental, não conta. E num governo que se recusa a cortar gastos e, portanto, a crescer, restará ao país o caos, sobretudo, para a classe média já tão penalizada pelo desemprego e pelos altos impostos.

O governo Luiz Inácio em seu segundo mandato parece se esmerar em nivelar por baixo. Não existem oposições para conter essa tendência. Não temos partidos políticos na expressão correta do termo. Não possuímos instituições que funcionem como anteparo entre o povo e o arbítrio governamental. O último bastião de resistência, a imprensa, está correndo sério risco no tocante à liberdade de expressão. Quanto ao povo, mais de 58 milhões de eleitores recompensaram a mediocridade.

Mas nada acontece de forma aleatória. A quem interessa o caos? A resposta fica com os leitores desse breve texto, se puderem ou quiserem dá-la.

Publicado em 22/11/2006

Lula 1 perde até para FHC 2

Matéria de Vinicius Torres Freire, Folha de S. Paulo (19/11/06)

Extraido do blog e-agora

Economia brasileira sob o PT vai crescer ainda menos que a do tucanato em relação ao desempenho do PIB mundial

LULA ESTÁ AFLITO , não se sabe bem se ansioso como crianças nas vésperas de Natal ou se "invocado" como a rainha de Copas, ameaçando decapitações caso a cegonha, as renas de Noel ou sabe-se lá que figura fantástica não entregue um crescimento de 5% no ano que vem. O que será da ansiedade luliana se contarem ao presidente que o desempenho relativo da economia do Brasil sob seu primeiro governo vai ser ainda pior que o do segundo e terminal governo de FHC?

No primeiro FHC (1995-98), o Brasil cresceu o equivalente a 70% do crescimento mundial. No segundo FHC (1999-2002), a economia planou mais raso, a 60% do que crescia o planeta. Para que o governo Lula empate com o segundo FHC, será preciso crescer uns 3,8% neste ano. Na sexta-feira, economistas da Febraban, o supersindicato dos bancos, também passaram a estimar em 3% a alta do PIB 2006. O crescimento luliano seria assim equivalente a 56% do desempenho mundial.

A que serve essa brincadeira de aritmética ponderada, além de indicar mais uma vez que o Brasil, em vez de país do futuro, parece ser a Terra do Nunca, onde vivem meninos perdidos, índios bobeados e piratas? "Nunca mais neste país" haverá crescimento de verdade?

A gente fica estupidificado com o nível da discussão. Como em todo começo de governo desde José Sarney (1985-1990), a nau pirata do PMDB sai de Tortuga e desembarca no Planalto. Lula diz que vai lhes dar mais cartas de corso desta vez. Bucaneiros de todos os partidos, até os do PSDB e do PFL, tentam entrar no barco do governo. Dizem que é para garantir a "maioria parlamentar", a "governabilidade". Mas não soa mais como uma ameaça?

Além dos desclassificados de sempre, há mais lunáticos no Congresso brincando de retalhar o Orçamento já esfarrapado, dando mais dinheiro para emendas parlamentares individuais, os botes da corrupção, como a dos sanguessugas. Outras figuras indizíveis querem dar desconto de imposto para classe média e ricos, isso com as contas públicas já estouradas e com miseráveis aos montes ainda à espera do caraminguá social.

Não haveria nada de novo aí também, pois o ambiente do Congresso mais e mais se parece com o do cerrado do Planalto, onde a vegetação é baixa ou rasteira, e de casca grossa. Mas a impressão agora é que não sobrou ao menos uma dúzia de pessoas sensatas e de autoridade para colocar ordem na malta de saqueadores do dinheiro, da administração, do bom senso e do futuro.

Do governo ele mesmo soube-se na sexta-feira que houve uma reunião de presidente e ministros na qual, depois de seis horas (ou quatro anos?), descobriu-se que investimentos já programados, como em energia e transporte, não saem do papel por idiotia administrativa elementar. Voilá! Hello! Bom dia!

Política, com "p" maior, não se resume a isso, claro, mas não há sinal no governo de um núcleo tecnoburocrático organizado, ao menos. Gente instruída e sensata, que dê diretrizes básicas e congruentes (qualquer diretriz congruente!). Que faça o presidente entender os disparates do seu plano econômico, que não respeita nem leis da física (o dinheiro tem de sair do cofre do governo e também ficar lá, segundo Lula).

Empresas brasileiras investem mais no exterior que no Brasil

Veja isso. Pode ser lido de várias maneiras. Uma delas é que como sempre os empresários, pragmaticamante, não discutem bobagens da esquerda - marxistas e afins. Eles agem. Outra é que as tais "elites" condenadas pelo presidente Lula começam a entender que devem deixar o Brasil pois aqui não são queridas.

Antes das eleições conversei (quando o bom senso chegava à mente de alguns) sobre essa questão e não raras vezes fui contestado, quando não ridicularizado. Agora temos os números para comprovar a minha tese. Veja a postagem do Graeff que reproduzo abaixo.


Mais um recorde histórico

Eduardo Graeff (22/11/06 10:08) - do site e-agora

Não é bravata. Desta vez Lula pode comemorar de verdade: pela primeira vez na história "deste país" os investimentos de empresas brasileiras no exterior superaram os investimentos de empresas estrangeiras no Brasil. É inédito - e é trágico! Tudo bem com a multinacionalização de grandes empresas como a Vale do Rio Doce ou a CSN, que depois de privatizadas ganharam fôlego e agilidade para se projetar no mercado mundial. Trágico é o quadro geral: dólar barato, carga tributária e burocrática elevada, infra-estrutura em pandarecos, mercado interno estagnado empurram empresas brasileiras para fora no mesmo passo em que freiam a entrada de investimentos estrangeiros. "É suicídio um país emergente entrar na globalização com o câmbio valorizado", explica o professor Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC de São Paulo. Lula não gosta que comparem o crescimento do Brasil no governo dele com o de outros países. E daí que ele não goste? Os investidores - nacionais e estrangeiros - comparam. E dão o fora levando os empregos que nos fazem falta aqui dentro. Veja mais na Folha de hoje.

domingo, novembro 19, 2006

O ADEUS A MILTON FRIEDMAN

Produzido por Rodrigo Constantino


Não existe almoço grátis.” (Milton Friedman)

Em 1976, ano em que nasci, o economista Milton Friedman – de família pobre vinda da Ucrânia – ganhava seu prêmio Nobel pelas grandes contribuições ao debate econômico. Friedman foi um dos maiores economistas do século XX, e travou uma incansável batalha pela maior liberdade individual. A clareza de suas idéias, assim como a solidez de seus argumentos, raramente encontraram substitutos à altura. Ao lado dos austríacos como Hayek e Mises, e da escritora Ayn Rand, Milton Friedman foi uma das minhas maiores influências. Com a notícia de seu falecimento, o mundo perde um grande economista e defensor da liberdade.

Seus dois livros mais conhecidos são Capitalism and Freedom e Free to Chose, o qual escreveu com sua esposa Rose Friedman. Neles, Friedman expõe com objetividade seus pensamentos, sempre defendendo os mercados privados em vez do planejamento central e controle estatal. Ele estava convencido de que a liberdade econômica era uma condição necessária para as liberdades civis. Lutou, portanto, contra a visão paternalista do Estado, lembrando que o governo não é o patrão, mas sim o empregado dos cidadãos. Para os indivíduos livres, o país é um somatório de indivíduos, não algo acima deles. A maior ameaça a liberdade seria a concentração de poder. O escopo do governo deve ser limitado, e suas funções básicas devem ser preservar a lei e a ordem, garantir contratos privados e estimular os mercados competitivos. O poder do governo deve ser disperso, sempre evitando sua centralização.

Partindo dessas premissas, Milton Friedman propôs várias idéias concretas, como o fim de subsídios agrícolas, das tarifas de importação, do controle de preços, do salário mínimo, das regulamentações detalhadas das indústrias, do serviço militar compulsório etc. Ele explicou que no livre mercado as trocas são voluntárias, e portanto ambas as partes se beneficiam delas, sendo a cooperação a regra básica. Em contrapartida, a intervenção estatal levaria a uma disputa entre as partes, transformando toda negociação de troca numa briga política, fomentando o conflito. A corroboração empírica dessa teoria lógica é visível diariamente em nosso país.

Sobre um tema onde muita ignorância permite afirmações firmes porém errôneas, Milton Friedman deu uma grande contribuição também. Trata-se da crise de 1929, onde muitos leigos culpam, sem embasamento, o livre mercado. Não vem ao caso entrar nos detalhes da argumentação, mas Friedman deixa claro a sua conclusão: “A depressão não foi produzida por uma falha da empresa privada, mas sim pela falha do governo numa área onde ele tinha sido designado como responsável”. Para melhor compreensão da culpa dos atos governamentais nesse grande crash, sugiro a leitura do excelente livro de Murray Rothbard, America’s Great Depression.

As contribuições de Milton Friedman não ficaram limitadas ao mundo acadêmico. O mais famoso expoente da Escola de Chicago foi também conselheiro dos presidentes Nixon, Ford e Reagan – este considerado por ele o melhor presidente que os Estados Unidos já teve. Fora isso, foi conselheiro de Pinochet no Chile, cujas medidas econômicas – não obstante os claros abusos políticos – salvaram o país do caos herdado da era Allende. Milton Friedman, portanto, exerceu forte influência positiva nos rumos de milhões de vidas.

Infelizmente, muitos preferem respeitar pessoas com maior retórica e apelos emocionais que a razão e o bom senso dos mais humildes, que não fazem tanta questão do crédito de suas ações. Assim, a morte de um grande homem merecerá poucos comentários por parte da mídia, e sequer será notado pela grande platéia. No entanto, quando um ditador assassino como Fidel Castro morrer – e vaso ruim demora a quebrar! – haverá uma comoção nacional, com direito a profundas lamentações do presidente e vários “intelectuais”. Mas não tem problema. Os íntegros não só reconhecem o esforço hercúleo de Milton Friedman na luta contra a tirania de gente como Fidel Castro, como serão eternamente gratos pelas suas idéias. Estas não morreram com seu dono. Pelo contrário: saem mais vivas que nunca, num mundo tão necessitado de mais liberdade!